segunda-feira, 11 de junho de 2012

O alto custo do papel


“O alto consumo de papel e a maior parte sendo produzida com métodos insustentáveis está entre as atividades humanas mais impactantes do planeta. O consumo mundial de papel cresceu mais de seis vezes desde a metade do século XX, segundo dados do Worldwatch Institute, podendo chegar a mais de 300 kg per capita ao ano em alguns países.” (Ferraz, 2009)

A matéria-prima básica da indústria do papel, a celulose, é um material fibroso encontrado na madeira e nos vegetais em geral.Durante sua fabricação, a madeira é descascada e picada em lascas denominadas  cavacos. Posteriormente é cozida com produtos químicos, para separar a celulose da lignina e demais componentes vegetais. O líquido resultante do cozimento,  é conhecido como Licor Negro, que é armazenado em lagoas de decantação, onde recebe tratamento antes de retornar aos corpos d'água.

Mesmo após o tratamento de efluentes na fábrica, as dioxinas permanecem e são lançadas nos rios, contaminando a água, o solo e conseqüentemente a vegetação e os animais (inclusive os que são usados para consumo humano). No organismo dos animais e do homem, as dioxinas têm efeito cumulativo, ou seja, não são eliminadas e vão se armazenando nos tecidos gordurosos do corpo.

Posteriormente é realizado o branqueamento da celulose, num processo que envolve várias lavagens para retirar impurezas e clarear a pasta que será usada para fazer o papel.

“Até pouco tempo, o branqueamento era feito com cloro elementar, que foi substituído pelo dióxido de cloro para minimizar a formação de dioxinas (compostos organoclorados resultantes da associação de matéria orgânica e cloro). Embora essa mudança tenha ajudado a reduzir a contaminação, ela não elimina completamente as dioxinas. Esses compostos, classificados pela EPA, a agência ambiental norte-americana, como o mais potente cancerígeno já testado em laboratórios, também estão associados a várias doenças do sistema endócrino, reprodutivo, nervoso e imunológico.” (FERRAZ, 2009).

Enquanto a Europa já aboliu completamente o cloro da fabricação do papel, realizando o branqueamento com oxigênio, peróxido de hidrogênio e ozônio, processo conhecido como total chlorine free (TCF), nos Estados Unidos e no Brasil, e em favor de interesses da indústria do cloro, o dióxido de cloro continua sendo usado.

Temos que repensar nossos hábitos de consumo!
 
“No Brasil apenas 37% do papel produzido vai para a reciclagem. De todo o papel reciclado, 80% é destinado à confecção de embalagens, 18% para papéis sanitários e apenas 2% para impressão.” FERRAZ, 2009.

Porém não podemos esquecer que a reciclagem também é uma indústria que consome energia e polui. Por isso, se o que almejamos é uma produção sustentável, capaz de garantir os recursos naturais necessários para a atual e as futuras gerações, o melhor a fazer é reduzir o consumo e começar a exigir que as empresas se comprometam a adotar medidas mais eficazes de combate à poluição resultante de seus processos produtivos, a contaminação e  o esgotamento dos recursos naturais.

FERRAZ, José Maria Gusman - Doutor em Ecologia, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente. O papel nosso de cada dia. 2009.




Nenhum comentário:

Postar um comentário